sábado, 23 de setembro de 2017

Mesmo ocupada, Rocinha volta a registrar tiroteios na madrugada

Operação policial na Rocinha Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Globo

RIO - Durou pouco o período de aparente tranquilidade na Rocinha, Zona Sul do Rio.A favela voltou a registrar tiroteios durante a madrugada deste sábado. A Autoestrada Lagoa-Barra e os túneis Zuzu Angel e Rafael Mascarenhas (Acústico) precisaram ser interditados por quase uma hora. As vias já foram liberadas, e neste momento não há relatos de novas trocas de tiros.

O tiroteio começou depois que um taxista foi rendido por bandidos na Rua Jardim Botânico. Ele foi levado para o alto do Horto, onde os criminosos que estavam no veículo desembarcaram para que outros entrassem no automóvel. Em seguida, eles foram na direção da Rocinha. Segundo a PM, o bando estava armado com fuzis e atacaram a patrulha que estava posicionada na Avenida Padre Leonel Franca, na Gávea, próximo ao acesso para os túneis Zuzu Angel e Acústico. Houve confronto no local. Nenhum militar ficou ferido.

Em seguida, o veículo seguiu pela via expressa e se deparou com homens das Forças Armadas nos acessos à Rocinha. Houve um novo confronto, e os criminosos conseguiram fugir para o interior da comunidade. O motorista de táxi conseguiu fugir e não ficou ferido.

— Chegando na Rocinha, pulei do carro e parei. Porque a gente bateu de frente com os militares do exército. Me escondi debaixo uma lixeira. Ali imaginei que não corria risco de levar nenhum tiro. Fiquei até que o confronto terminasse. Graças a Deus saí ileso. E vida que segue, (ser taxista) é o que eu sei fazer, amo fazer — disse o taxista, que pediu para não ser identificado.

Por questões de segurança, os dois sentidos da Autoestrada Lagoa-Barra e dos túneis foi fechado por volta das 4h30m. A liberação das vias aconteceu por volta das 5h35m.



A passagem dos criminosos deixou um rastro de violência no caminho entre o Horto e a Rocinha. O confronto nos acessos ao Túnel Zuzu Angel, na Avenida Padre Leonel França, o veículo dos policiais militares e até as escadas da entrada de pelo menos um prédio. Segundo um porteiro, cápsulas foram encontradas na parte interior do imóvel. 
— Foi muito forte o tiroteio. Precisei me jogar no chão quando os disparos começaram. Muitos tiros mesmo — relatou um porteiro, que pediu para não ser identificado.
FORÇAS ARMADAS ESTÃO NA REGIÃO
Até o início da manhã, ao menos cinco suspeitos foram detidos e levados para a 11ª DP (Rocinha). Também foram levados para a delegacia seis fuzis apreendidos, cinco deles encontrados pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), que também acharam munições ainda não contabilizadas, rádios transmissores, granadas e cadernos de anotações.
Por volta das 6h, mais tropas das Forças Armadas chegaram à comunidade. A circulação de moradores ainda era pequena na ocasião. Equipes da Polícia Milita, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica permanecem desde a sexta-feira na região.
A Rocinha vive em clima de guerra desde o último domingo, quando o bando do traficante Nem da Rocinha, que está preso, entrou na comunidade para retomar os pontos de venda de drogas. Na sexta, após seis dias de operações, o governo do estado solicitou a ajuda do Exército, que fez com cerco à favela com 950 homens.
Na noite da sexta, o delegado Antonio Ricardo Lima, da 11ª DP (Rocinha), enviou ao plantão judiciário um pedido de mandado de busca e apreensão em pontos específicos da Rocinha. Se expedido pela Justiça, os policiais poderão entrar em casas na comunidade. Ainda segundo o titular da unidade, o traficante Rogério 157 ainda permanece na Rocinha, mas estaria acuado. Ricardo Lima também confirmou que 27 integrantes da quadrilha ligada ao traficante já foram identificados.
- Ele está acuado. Chegamos muito perto dele hoje. Ele ainda está na parte alta da comunidade.
O delegado ainda fez um apelo e disse que traficantes que quiserem se entregar podem comparecer à delegacia.





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